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Estudo teológico sobre as profecias do Antigo Testamento

Estudo teológico sobre as profecias do Antigo Testamento

Neste estudo teológico, com vídeo, vamos analisar as profecias que Jesus Cristo cumpriu. Durante o império romano, Israel viveu uma situação histórica bem conturbada. Em meio a tanto caos, diversos homens se levantaram se autoproclamando o libertador de Israel, o ungido pelo Eterno, o messias. Justamente neste período surge um homem chamado Jesus que dividiu a história da humanidade, mas será que as profecias sobre Jesus são mesmo reais, ou os cristãos forçam a barra para encaixar Jesus dentro das profecias? Por muitos anos os profetas judeus escreveram cobre um profeta ungido, o messias, e um rei da linhagem de Davi que trariam, de alguma forma, o reino do Pai Eterno sobre a Terra. Para os cristãos, Jesus cumpriu essas profecias. Para os judeus não.

Mais do que analisar as profecias sobre Jesus precisamos entender um pouco melhor o contexto histórico e cultural que Israel vivia durante a invasão romana. Para complementar o estudo veremos que muitos outros homens, naquela época e naquela região, se diziam ungidos por Deus, o messias. Talvez você não saiba, mas não apenas Israel estava na expectativa de um messias, mas alguns outros povos do oriente viviam à espera deste novo homem que serviria de guia para todos os povos.

A palavra messias vem do hebraico messiach, que significa o ungido. Quando falamos do messias, estamos falando das profecias sobre o profeta ungido, o Santo de Israel. Aliás, de acordo com os evangelhos, o próprio Jesus já alertava sobre diversas outras pessoas que se diriam o Cristo. Em Mateus 24:23 e 24, Jesus alerta que alguns homens se levantaria como o cristo, realizando, inclusive grandes sinais.

Outros messias

Vamos começar este estudo teológico falando de alguns outros nomes que ganharam notoriedade em sua época. A melhor fonte sobre este assunto é o historiador judeu Flávio Josefo, que revela um grande número de pessoas que se levantaram como messias nas regiões de Israel e Palestina. No entanto, apesar de relatar diversos candidatos a messias, o historiador judeu utiliza o termo grego para cristo apenas uma vez, ao referir-se a Jesus. Josefo é um tanto cauteloso em seus escritos, pois falar sobre um rei da linhagem de Davi que surgiria para governar Israel e outras nações poderiam causar certo atrito com os dominadores romanos. Josefo conclui que este rei era Vespasiano, imperador romano. O historiador judeu escreveu:

Mas agora, o que mais motivaria os judeus a prosseguirem nesta guerra, era um ambíguo oráculo que fora encontrado em seus escritos sagrados dizendo que “por este tempo, um dentre seu país se tornaria governador de toda terra habitada. Os judeus tomaram esta profecia como pertencendo a si mesmos em particular; e muitos dentre os sábios se enganaram em sua interpretação. É claro, que este oráculo certamente se referia ao governo de Vespasiano que foi proclamado imperador no território da Judeia. Livro das Guerras VI, 5 e 4 (6 312-314).

Os próprios romanos, como Tácito e Suetónio, acreditavam que os dominadores do mundo surgiriam naquela região, mas eles acreditavam que se tratava de um governador romano. Os romanos e Josefo se referiam a um oráculo, o qual não se sabe ao certo quem era. Estudiosos acreditam que eles se referiam às profecias de Daniel, capítulo 2.

Outro trecho interessante dos escritos de Josefo pode nos mostrar que realmente, inúmeros falsos messias surgiram em Israel naquela época.

Inúmeros profetas, de fato, foram naquele período subornados por tiranos para enganar o povo. Eles propunham (ao povo), que esperassem pela ajuda divina, a fim de que as deserções pudessem ser subjugadas, e que estivessem sob o temor ou desencorajados pudessem ser motivados pela esperança (…) Assim, aconteceu do povo miserável ser iludido naqueles dias por charlatões que se diziam pretensos mensageiros de Deus – Livro das Guerras V, 266-8.

Até aqui, vimos neste estudo teológico que, além do clima político intenso, a vida religiosa judaica estava dividida e enfraquecida naquele período, facilitando o surgimento destes charlatões.

Candidatos a messias

Vamos continua este estudo teológico falando de um desses candidatos a messias; Judas, filho de Ezequias, conhecido por Judas Galileu, que ganhou destaque entre 4aC e 6dC. Josefo o identifica como bandido e forte. Herodes o capturou com dificuldade. Ele chegou a reunir um grande número de homens de “caráter duvidoso” que assaltaram o palácio de Séforis, na Judeia, para roubarem as armas e dinheiro que ali estavam.

Esse Judas tinha a ambição de ser reconhecido como um homem capaz de fazer muitas maldades. Judas se associou com um fariseu, chamado Zadoque. Eles exortavam que Deus não os ajudaria, e que precisavam se unir uns com os outros. O pai de Judas era querido pelo povo. Em suma, era uma espécie de guerrilheiro. Seus filhos, Tiago e Simão, seguiram seus ensinamentos. Todos foram executados. Em Atos 5:37, o autor menciona um Judas, que muitos acreditam ser este mencionado por Josefo.

O que diz Josefo

Josefo também menciona um certo Teudas, charlatão, que se dizia profeta e que iria dividir o rio Jordão, mas ele não chegou a fazer isso, pois fora capturado e executado. Em Atos 5:36, lemos sobre Teudas, mas não se sabe se é o mesmo, pois Josefo menciona que este homem teria vivido nos tempos do imperador Cláudio, e o Teudas mencionado em Atos teria vivido antes disso.




Para seguir este estudo teológico, sugerimos que abra sua bíblia em Atos 21, onde lemos que Paulo é confundido com um certo egípcio que teria se revoltado. Josefo também menciona um falso profeta egípcio. Este homem reuniu cerca de 30 mil pessoas. Levou o povo ao monte das Oliveiras e incentivou todos a entrarem a força em Jerusalém. Ele teria, inclusive, conseguido vencer uma guarnição romana, mas logo foi dominado e precisou fugir. Segundo Josefo, muitos de seus seguidores foram mortos. Os que sobreviveram se dispersaram e voltaram à vida normal.

Estudo teológico – João bar de Giscala e Sião bar Giora

No entanto, os mais influentes candidatos a libertadores de Israel, ou messias, foram “João bar de Giscala” e “Simão bar Giora”, que se proclamaram messias por volta de 65-70 dc. A pregação desses dois reuniu milhares de revolucionários e o caos realizados por eles foi tão grande que o império romano decidiu destruir Jerusalém para dar fim a estes movimentos libertadores. Uma curiosidade sobre Simão é que ele se escondeu nos escombros durante a destruição da cidade, mas com fome e sede, precisou ter uma estratégia para sair sem ser morto pelos soldados romanos. Então, Simão se vestiu com vestes brancas e púrpura, com a intenção de assustar os soldados. Assim que perceberam a farsa, os soldados pegaram o falso profeta e o levaram para Roma, onde foi morto diante do imperador.

Para deixar este estudo teológico mais interessante, agora vejamos o que Flávio Josefo escreveu sobre Jesus.

Por este tempo, surgiu Jesus, homem sábio. Ele era autor de feitos extraordinários e mestre de homens que aceitam alegremente coisas estranhas. Ele arrastou após si muitos judeus e gregos. Era considerado o Messias. Embora Pilatos, por acusação de nossos chefes, o condenasse à cruz, aqueles que o tinham amado, desde o princípio não cessaram de proclamar que, passando o terceiro dia, ele apareceu-lhes novamente vivo. Os profetas de Deus tinham respeito por ele. Ademais, até o presente, a estirpe dos cristãos, assim chamada em referência a ele, não cessou de existir.

Profecias sobre Jesus

Para o cristão, Jesus compre as profecias judaicas sobre um profeta que viria para salvar a humanidade. No entanto, os próprios judeus, grupo étnico e religioso de Jesus não o reconheceu como sendo este messias, o profeta ungido. O que precisamos dizer neste estudo teológico é que muitos cristãos não sabem que os judeus discordam entre si sobre essas profecias.

Alguns acham que essas profecias se referem a alguém que ainda está por vir. Para outros, as profecias falam de um novo tempo, uma era perpétua e não de uma pessoa específica. Há ainda os que entendem que as profecias sobre o messias são mal interpretadas e não passam de uma lenda.

Para muitos judeus, as profecias sobre Jesus são mal interpretadas. Uma forte corrente de pensamento judaico entende que Jesus falhou em sua obra. Ele não veio em poder e glória, como deveria vir. Além disso, o messias deveria estabelecer um reino de paz em todo o mundo.

Segundo a renomada escritora judia Amy Levine, “quando olho pela janela, vejo que isso não aconteceu”. Para ela, a injustiça inda presente no mundo é uma prova que o messias ainda não veio, ou que essa nova era não aconteceu.

Zacarias

Porém, quando falamos sobre as profecias sobre Jesus, ou qualquer outro messias, é preciso lembrar que os próprios estudiosos judeus discordam entre si. Vamos trazer mais uma curiosidade neste estudo teológico. Para Joshua Bem Levi, por exemplo, as profecias sobre a vinda do messias são dúbias, pois em Daniel 7:13 ele virá sobre as nuvens, mas em Zacarias 9:9 ele virá sobre um jumentinho. Poucos entendem que o messias poderia vir de ambas as formas. Para o cristão, Jesus já cumpriu parte dessas profecias, pois foi recebido sobre um jumentinho e cumprirá a outra parte em seu retorno, sobre as nuvens, em glória.

Agora, vamos continuar este estudo teológico falando sobre Zacarias. De acordo com este profeta, o messias será traspassado e ferido, para depois retornar (Zacarias, capítulos 12 e 14). Isaías também fala de um ungido que é maltratado, mas depois retorna como glorioso rei.

Escritos antigos

Vamos enriquecer este estudo teológico mencionando uma das mais importantes descobertas arqueológicas do último século. Quando os manuscritos do Mar Morto foram encontrados (na região de Qumram), descobriu-se um hino judeu que também falava que o messias seria rejeitado, em um primeiro momento, para depois ser aceito. Essa descoberta nos fez compreender que os judeus daquela época já interpretavam as profecias sobre o messias dessa forma: uma vinda humilde e de sofrimento, e um retorno em glória. Este hino é o da Autoglorificação. De acordo com este hino, o messias seria o mais desprezado entre os homens e depois reconhecido em sua força e poder. Provavelmente, este hino foi inspirado pela passagem de Isaías 53.

As profecias sobre Jesus, que aparente são contraditórios, podem ser entendidas quando compreendemos que se trata de dois momentos distintos de uma mesma “pessoa”, de um mesmo profeta ungido.

Os judeus e os estudos teológicos sobre o messias

Um dos mais respeitados rabinos dos últimos anos, Abba Hilel Silver, chegou à conclusão que no primeiro século depois de Cristo, realmente existia uma grande expectativa pela vinda do messias. Para ele, antes desta época, o messias não era aguardado. Mesmo fora de Israel, naquela época, diversos historiadores relatavam a expectativa da vinda de alguém especial.

Tácito escreve que havia uma expectativa entre os sacerdotes que da Judeia surgiria um novo poder, os novos dominadores do mundo. Para ele as profecias falavam dos imperadores Tito e Vespasiano. Suetónio, biográfo romano, comentou que em todo o oriente se esperava que da Judeia surgissem os dominadores do mundo.

Interpretações

É interessante mencionar neste estudo teológico, que nenhum deles questiona as profecias, mas interpretam de forma plural e chamam essas profecias de ambíguas. Josefo também compreendia que o domínio que surgiria na Judeia naquele tempo referia-se ao governo de Vespasiano.

Outro texto interessante achado no Mar Morto é o livro dos jubileus, escrito por vários escritores. Nele, é claro que aquela comunidade ansiava pela vinda do messias.

De acordo com os cálculos dessa comunidade o nascimento do messias aconteceria por volta de 3920 (ano mundi), ou seja, entre 2 e 3 aC. O documento de Damasco, possui um curioso ciclo desde o cativeiro na Babilônia até o surgimento de um certo “Mestre de justiça”. Esse metre purificaria o templo e seria morto; e 40 anos depois a justiça divina seria feita em Israel. Curiosamente, o templo de Jerusalém fio destruído cerca de 39 dC.

O segundo templo

Um dos pontos mais difíceis de compreender sobre as profecias sobre Jesus refere-se ao segundo templo. Para os rabinos que viveram pouco depois da morte de Jesus, o messias viria no primeiro século aC e se manifestaria no primeiro século dC, ou seja, no tempo em que eles viviam, o messias já teria mais de 100 anos.

Em Daniel 9, lemos que a glória do messias se manifestaria no segundo templo, o que seria construído depois do exílio na Babilônia. Ageu também fala que a glória do segundo templo seria maior que a do primeiro, pois o messias se manifestaria nele. Malaquias também afirma que Deus, em pessoa, viria ao segundo templo e o purificaria.

A destruição do templo

O segundo templo foi destruído no ano 70, causando grande confusão entre os judeus. Pois como o templo já seria destruído se o messias, segundo os judeus, não tinha vindo ainda? Para resolver esta incógnita sobre o messias, os estudiosos judeus passaram a interpretar que Daniel havia se equivocado em sua conta.

Outros chegaram a defender que Daniel nem era profeta. Há ainda um grupo de judeus que chegaram a amaldiçoar quem estudasse o livro de Daniel com intenção de calcular a vinda do messias. Um rabino chegou a dizer que se o tempo do messias veio, mas ele não se manifestou, então, ele nunca virá.

Curiosamente, o Talmude e o historiador judeu Flávio Josefo relatam acontecimentos incomuns no templo, antes de ser destruído. Eles comentam que algumas vezes as pesadas portas do templo (que eram abertas e fechadas com auxílio de diversos homens porque era muito pesada) amanheciam abertas, sem que ninguém as tivessem empurradas.

Considerações finais

Como podemos ver neste estudo teológico, Jesus nasceu em uma época em que muitos povos comentavam sobre a vinda de um conquistador da Judeia. Além disso, muitos “messias” surgiram, mas nenhum dele conseguiu sucesso em seus objetivos. A profecias sobre a chegada do messias sempre causou diferentes opiniões entre os judeus, que acreditam que o messias não veio; e para alguns deles, nunca virá. Quando compreendemos que as profecias sobre Jesus retratam sua vinda e retorno, fica claro que os profetas não erraram e não são contraditórios, mas sim que precisamos de um simples ato de fé para aceita-lo como o aguardado profeta ungido. Assim, compreendemos que as profecias sobre Jesus se cumpriram parcialmente porque as profecias que não foram cumpridas só se concretizarão em seu retorno.

Para ler mais textos nossos sobre as profecias sobre Jesus acesse:

 
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