Em Atos 7 lemos sobre Estevão, considerado o primeiro mártir da igreja cristã. O livro de Atos dos apóstolos é um excelente livro para quem deseja saber como surgiu a igreja cristã. Os princípios cristãos e como deve ser uma igreja cristã estão diretamente relacionados com as palavras escritas por Lucas em Atos dos apóstolos.
O estudo bíblico do livro nos faz entender melhor como era a igreja primitiva, quais eram suas necessidades, dificuldades e como a igreja cristã superou as barreiras no início de uma nova doutrina, uma nova religião, que surgia em tempos históricos tão conturbados.
O capítulo 7 é o último da primeira fase do livro, que relata mais os feitos do apóstolo Pedro. Até então o foco maior deste trecho da Bíblia é em cima de Pedro e João, que ajudaram a igreja cristã a se formar. A partir do próximo capítulo até o capítulo 12, o livro de Atos enfoca um pouco mais nas perseguições e na figura de Saulo, que perseguia os cristãos.
Os instantes finais da vida de Estevão são relatados em Atos 7. O sumo sacerdote questiona Estevão sobre o cristianismo e, após ouvir a defesa de Estevão, os judeus contrários ao cristianismo decidem levar Estevão para fora da cidade e apedrejam-no até sua morte.
Para entender melhor o contexto deste capítulo, recomendo reler Atos 6, a partir do versículo 8, quando Estevão é apresentado ao Sinédrio. Nos primeiros versículos de Atos 7 vemos que Estevão recorre aos antigos ensinamentos para se defender, mencionando Abraão, Isaque e Jacó.
A menção do sumo sacerdote, no primeiro versículo, refere-se a Caifás. O relato da pregação, sermão, de Estevão é o mais longo no livro de Atos. Estevão tem como referência o texto ‘assim como fizeram vossos pais, também vós o fazei’ – no versículo 51. Estevão traz à memória os privilégios do povo hebreu e a rejeição do mensageiro de Deus e ressalta que os judeus rejeitaram o messias – Atos 7:52.
Ao ser questionado, Estevão ressalta que o chamado de Abraão se deu quando este ainda estava na Mesopotâmia, antes de ir para Harã e, posteriormente, Palestina. Podemos constatar isso lendo Gênesis 15:7, Neemias 9:7 e Gênesis 11:31-32.
Uma curiosidade bíblica é que em Atos 7:6 é relatado 400 anos, provavelmente um número arredondado, já que Gálatas 3:17 relata 430 anos.
O relato de 75 pessoas, em Atos 7:14, segue a tradução da Septuagínta, conforme o texto grego do Antigo Testamento. Pois nesta contagem estavam inclusos o filho e o neto de Manasés, e mais dois filhos e um neto de Efraim. Provavelmente o relato de Gênesis 46:27 seguiu uma diferente forma de contagem.
Em Atos 7:16 vemos que Estevão menciona a compra de um campo em Hebrom. O campo em questão foi comprado por Abraão de Efrom, um heteu (Gênesis 23:16 a 20).No entanto, a região em si, em Siquém, só fora comprado dos filhos de Hamor por Jacó – Gênesis 33:18 e 19. Essa referência é usada por Estevão para reforçar que Jacó e os patriarcas foram levados de volta a Canaã e sepultados no sepulcro de Abraão – Gênesis 49:29 a 3 e 50:12 e 13. De acordo com Josué 24:32, José fora enterrado em Siquém, e o historiador judeu Josefo revela que os irmãos de José foram sepultados em Hebrom. Jacó foi sepultado em Macpela, já José em Siquém. De acordo com estudos bíblicos confiáveis, a menção dessas duas transições de uma forma rápida se deu porque Estevão estava sem tempo e precisava se apressar em suas palavras.
Neste estudo bíblico vemos como Estevão defendeu o cristianismo usando importantes referências do antigo testamento. Nos versículos 27 e 28 de Atos 7 vemos que Estevão menciona a ira de Moisés, quando este matou um egípcio em defesa de um hebreu – Êxodo 2:14. Quando Moisés assassinou um egípcio sua autoridade foi questionada e sua oferta rejeitada. Essa comparação utilizada no livro de Atos dos apóstolos é uma referência à rejeição de Jesus como o messias, o profeta prometido.
No versículo 30, ao falar “decorridos 40 anos”, Estevão se refere ao tempo além dos quarenta anos mencionados no versículo 23, totalizando oitenta anos.
Nos versículos 35 e 36 fica claro o paralelo entre Moisés e Jesus, numa tentativa de fazer que aquelas pessoas entendessem que, do mesmo modo que Moisés foi rejeitado pelo seu povo, Jesus também estava sendo rejeitado. O libertador, escolhido por Deus, estava sendo rejeitado mais uma vez, como já havia sido milhares de anos antes.
O raciocínio de Estevão fica bem claro nos versículos 38 e 39, quando lembra que Moisés disse que Deus levantaria um profeta semelhante a ele – Deuteronômio 18:15-18,19. A passagem de Deuteronômio 18:15 é aceita como uma profecia sobre o Messias, portanto, quando recusavam Jesus recusavam Moisés também. Ao falar da congregação no deserto, ele se referia ao povo reunido no deserto para receber a Lei. Uma curiosidade bíblica é que o termo “congregação” utilizado em diversas passagens do Novo Testamento, é utilizado para se referir a quatro tipos de assembleias. A primeira é sobre os filhos de Israel reunidos como povo. Segundo, um povo reunido para uma reunião da cidade. Terceiro, para se referir à igreja reunida como o Corpo de Cristo, como em Colossenses 1:18. Quarto, um grupo de cristãos reunidos como a igreja de Antioquia.
Em Atos 7:51 Estevão é mais direto e no versículo 53, do capítulo 7 de Atos, ele revela que a culpa deles mesmos se agrava porque rejeitam a lei de Moisés. Estevão insinua que aqueles acusadores na verdade não obedeciam às leis mosaicas. Ele menciona que a lei foi entregue por anjos, pois anjos estavam presentes no Sinai – Gálatas 3:19 e Hebreus 2:2. Estevão fez uma acusação contra aquela geração incrédula fazendo relações com a própria história israelita.
O objetivo messiânico de Jesus de entregar-se como sacrifício pelo pecado foi consumado na cruz, por isso, muitas vezes é mencionado que Jesus está à direita do Pai, como em Hebreus 1:3. No entanto, vale ressaltar que a missão sacerdotal de Yeshua continua a ser sustentar seu povo, como fez com Estevão, por isso o texto relata ele de pé, ministrando ao seu servo.
Uma curiosidade bíblica sobre apedrejamentos é que a vítima era empurrada pela primeira testemunha. A vítima ficava despida, sobre uma estrutura de cerca de três metros (patíbulo). A seguir, a segunda testemunha oficial deixava cair uma pedra sobre a cabeça ou tórax da vítima. Por fim, os demais terminavam a execução apedrejando a vítima agonizante até a morte.
Apesar da barbárie, podemos ler no versículo 58 que diversas testemunhas presenciaram o ato, o que tornava a ação legal, conforme Levíticos 24:14. No entanto, é provável que a execução de Estevão não tenha sido aprovada oficialmente por Pilatos.
No último versículo lemos que Estevão adormeceu. No Novo Testamento o termo ‘adormeceu’ é utilizada diversas vezes como referência à morte física dos cristãos. Assim como em João 1:11 e 1 Tessalonicenses 4:13 e 15.
Neste estudo bíblico do livro de Atos percebemos por diversas vezes como os novos cristãos arriscavam suas vidas e enfrentavam os perigos e acusações de peito aberto. Após esta declaração, os presentes se enfureceram e decidiram apedrejar Estevão. Um detalhe é que o apedrejamento de Estevão se deu fora da cidade porque os romanos não permitiam que a pena capital fosse infligida.
O capítulo 7 de Atos termina com a menção de um personagem que se tornaria símbolo da igreja primitiva, Saulo.
Nos próximos estudos bíblicos a figura de Saulo será muito estudado. Em Atos, Saulo, que mais tarde se tornaria Paulo, aparece pela primeira vez.
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Oi paz do senhor, estudo de Atos aqui é um capitulo por mês ?
Isso mesmo. Atualizamos 2 categorias por semana.
Gostei muito da forma que o Estudo é desenvolvido.
Na curiosidade que vc colocou logo no começo, a diferença de 30 anos se da por causa do cativeiro... Deus começa a contar a partir do momento que não somos mais cativos do maligno... então a partir do momento que aceitamos a Cristo, uma nova história é escrita para nós... por isso a diferença de 30 anos (30 anos de cativeiro)
Muito bom
"Uma curiosidade bíblica é que em Atos 7:6 é relatado 400 anos, provavelmente um número arredondado, já que Gálatas 3:7 relata 430 anos."
O certo é Gálatas 3:17 .