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Análise de Atos 15  

Análise de Atos 15  

O livro de Atos dos apóstolos é essencial para entendermos como surgiram as principais doutrinas da igreja cristã. Atos nos revela alguns pontos importantes que devem ser considerados ainda hoje. Atos 15 nos traz algumas discussões e pontos controversos da igreja primitiva.  

Segundo os principais estudos bíblicos, o trecho de Atos 15:1 mostra o ápice da discórdia sobre a aceitação dos gentios na Igreja. Pedro acreditava que ninguém deveria ser considerado impuro, nem mesmo os gentios, como podemos ler em Atos 10:34. A igreja de Jerusalém estava aceitando a presença dos primeiros gentios que se convertiam ao cristianismo e tratando-os como tratava também os judeus convertidos, sem forçá-los a realizar a circuncisão. Logo nos primeiros versículos podemos ler sobre a controvérsia da circuncisão, costume baseado em Levíticos 12:3. Os cristãos da época estavam questionando a necessidade de circuncidar os gentios que se convertiam ao cristianismo. Lendo os versículos 1 ao 5 podemos ler claramente que a orientação é que não era necessário se circuncidar para ser salvo de acordo com o cristianismo. No entanto, no versículo cinco, podemos ver que alguns fariseus, que se converteram ao cristianismo, tentavam impor a circuncisão aos gentios. Hoje em dia, parece um assunto fácil de lidar, mas na época não era assim, pois muitos judeus que se tornavam cristãos entendiam que a lei dada a Moisés para que o povo se circuncidasse, entre outras, deveria permanecer, a tal ponto que o assunto fora levado as líderes religiosos de Jerusalém. Devemos lembrar, que Jesus era um judeu que pregou para judeus, por isso, devemos entender que ter pontos de vista diferentes era normal. Isso mostra a proporção que o tema estava ganhando nas sinagogas. De acordo com alguns estudos bíblicos, uma questão importante, aqui levantada, era se cristãos gentios e cristãos judeus poderiam manter contato social (comer juntos) ou não. Para os judeus, as refeições deveriam ser realizadas longe daqueles que não seguiam as leis alimentares judaicas. Talvez, se estas divisões tivessem sido aceita no princípio, a igreja sofreria grande enfraquecimento.   

Uma curiosidade bíblica de Atos, que não está explícita neste pedaço, é que a reunião relatada acontecia em Antioquia.  

Em Atos 15:7 Paulo relembra que ele mesmo ensinava na casa de Cornélio (Atos 10) aos gentios. Como lemos em Atos 15, Paulo foi o primeiro discípulo a ter a ousadia de focar a pregação do cristianismo aos gentios.  

Paulo revela, em Atos 15:10, que a prática da lei, e todo o seu jugo e possíveis interpretações, poderiam tornar a prática cristã em um fardo impraticável. Pedro explica, no versículo seguinte, que tanto judeus quanto gentios serão salvos pela graça e não por observarem as leis de Moisés, inclusive a circuncisão.   

Tiago mencionado no versículo 13 não é o irmão de João, filho de Zebedeu. No caso, Tiago era presidente de concílio.  A bíblia menciona outros “Tiagos”. Um deles era Tiago filho de Alfeu, também chamado Tiago “O menor” (Marcos 15:40), que também fazia parte de um dos 12 (Mateus 10:3); Tiago meio-irmão de Jesus, autor da epístola de Tiago e Tiago, que seria pai ou irmão (menos provável) de Judas (não o Iscariotes), conforme Lucas 6:16 e Atos 1:13.

As palavras de Atos 15:16 a 18  são de Amós 9:11 e 12 e são originárias do texto grego do profeta Amós (Septuaginta). De acordo com as palavras de Tiago, esta profecia se cumprirá após o testemunho em todo o mundo. Após a volta do Messias, Jesus, o tabernáculo de Davi será restabelecido, assim, judeus e gentios adorarão ao Criador, no reino milenar. O que Tiago está dizendo é que os planos de Deus para os judeus não foram abandonados com a entrada dos gentios na Igreja. No versículo 19, enfim, Tiago dá seu veredito: gentios convertidos ao cristianismo não precisariam ser circuncidados. Na sequência, Tiago orienta aos gentios a não praticarem o que os judeus cristãos consideravam abominável, mantendo assim uma relação sadia e de respeito entre gentios e judeus. Assim, seria possível manter a comunhão entre judeus e gentios. Esta orientação se repete em 1 Coríntios 8:13. As “contaminações dos ídolos”, mencionada em Atos 15:20, refere-se ao fato de os gentios usarem o templo para realizarem banquetes. As referências do livro de Atos 15 versículo 20 podem ser conferidas no Antigo Testamento: Êxodo 34:15 a 17 – Levíticos 18: 6 a 23 – Levíticos 3:17 e 10 a 16. Uma curiosidade bíblica é que o termo “práticas sexuais ilícitas”, talvez tenha outra tradução do grego original, pois, segundo estudos bíblicos importantes, essas práticas seriam erradas de qualquer maneira (seja para gentios ou judeus). Esta tradução é aceita porque em outras passagens, este conceito é a tradução correta. Provavelmente, trata-se do costume de casar-se com parentes próximos, proibido em Levíticos 18. Além disso, segundo estudiosos, esta prática estava crescendo na época entre os povos gentios não convertidos. Já a orientação sobre o sangue dos animais é para que o sangue fosse drenado dos animais que serviriam para o alimento, conforme a tradição judaica.   




Nos versículos 11 e 22 a 29 a doutrina cristã de que a salvação vem pela fé e não pela observância das leis de Moisés é colocada em pauta. A igreja primitiva permaneceu com esta ideia, assim os gentios não precisavam cumprir, seguir, os mandamentos mosaicos. No entanto, foram orientados a não comerem do sangue da carne de animais sufocados e se afastarem de coisas sacrificadas a ídolos. Como essas práticas eram comuns entre os judeus, a convivência entre gentios e judeus convertidos ao cristianismo estava ficando difícil. O costume judeu era baseado em Levíticos 17:14. Em Atos 15, lemos que devemos ser sensíveis aos costumes alheios e a algumas tradições, que podem ser consideradas importantes a alguns povos. Hoje em dia, o ideal é que missionários que viajam pelo mundo, tentem respeitar os costumes locais e pregar o cristianismo sem tentar acabar com tradições e cultura de um povo. Também podemos entender com estes ensinamentos a respeitar costumes de igrejas cristãs diferentes da nossa. Em Atos 15:24 podemos ler que alguns cristãos pregavam suas próprias filosofias, o que deixava Paulo indignado. A evidência de que alguns cristãos perturbavam os verdadeiros cristãos pode ser vista também no livro de Gálatas, capítulos 1 e 5, e em Tito 1:10 e11.  

Em algumas traduções antigas não contêm o versículo 34 de Atos 15.  

Uma curiosidade bíblica em Atos 15 pode ser observada nos versículos 36 a 38, quando Paulo e Barnabé discordam sobre João Marcos. Um queria a presença de Marcos (Barnabé) enquanto outro (Paulo) não achava justo por Marcos ter se afastado do trabalho missionário em Panfília. A curiosidade bíblica é que podemos identificar uma personalidade de Barnabé mais voltada às pessoas, enquanto Paulo era mais focado nos ideais. De acordo com 2 Timóteo 4:11 Barnabé tinha razão nesta questão, mas Deus usa ambos e mostra que ideias discordantes podem trabalhar juntas para o reino de Deus, cada uma focando um objetivo. Neste caso, a discórdia até foi boa porque criou duas missões, ao invés de uma que seria feita.  

No versículo 36 começa a narrativa da segunda viagem de Paulo, que não tinha por objetivo alcançar novas regiões, além daquelas alcançadas na primeira viagem. Mas, o Senhor tinha planos diferentes.  

Ao escrever “aquele que se afastara”, o autor refere-se a João Marcos (Atos 13:13.   

Podemos ler, em Atos 15:39, uma discórdia por pensamentos pessoais distintos, não por questões doutrinárias. A medida tomada parecia ser a melhor solução. Apesar da discórdia, Deus ainda fez algo maravilhoso, que foi a criação de duas frentes evangelísticas. A perseverança de Barnabé ajudou Marcos a retornar à obra. Outras separações são mencionadas no Novo Testamento, porém por motivos de doutrina, como em 2 João 10, Gálatas 1:8, 1 João 2:18, 2 Timóteo 2:18 e 2 Tessalonicenses 3:14.  

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3 comentários sobre “Análise de Atos 15  

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