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O encontro entre Nicodemos e Jesus 

O encontro entre Nicodemos e Jesus 

O encontro de Nicodemos e Jesus não é um assunto muito comum nas pregações, mas foi nesta conversa que surgiu o trecho mais conhecido da Bíblia (João 3:16). Nesta reflexão sobre o encontro entre Nicodemos e Jesus vamos analisar como essa conversa nos revela como devemos nos relacionar com Deus, através de Jesus.  

Nicodemos era um líder que tinha uma visão sobre o reino de Deus muito humana, assim como boa parte da sociedade judaica daqueles tempos. Ainda hoje, muitas vezes nós temos o mesmo tipo de visão sobre Deus, sobre o reino de Deus. Misturamos a nossa fé com o que aprendemos da sociedade, da cultura moderna. 

Para esta análise sobre o encontro entre Nicodemos e Jesus recomendo a leitura do trecho de João 3, do versículo um ao vinte e um. Neste estudo vamos analisar a vida de Nicodemos e o que ele aprendeu de Jesus, e como podemos aplicar estes ensinamentos em nossa vida e em nossa família. 

Como foi o encontro entre Nicodemos e Jesus 

Vamos começar esta reflexão, lendo o primeiro versículo de João 3.  

Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os judeus. Ele veio a Jesus, à noite, e disse: “Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele”. João 3:1 e 2 

Em primeiro lugar, é muito curioso o relato bíblico que identifica Nicodemos. Ele não era apenas um fariseu, ele era um dos líderes. Na Nova Versão Internacional, lemos uma autoridade, mas outras versões trazem o termo príncipe dos judeus. Portanto, ele era uma pessoa influente e que tinha um bom conhecimento das escrituras. 

Um antigo rabino, chamado Tobias, alega que apenas judeus incautos seguiam Jesus, o que não é verdade. Nicodemos ou José de Arimatéia, por exemplo, eram judeus proeminentes. Apesar de sua importância, ele estava perdido na fé. No decorrer do encontro entre Nicodemos e Jesus, isso fica claro. 

Um detalhe, que não pode passar batido, é que Nicodemos foi atrás de Jesus à noite. Na Bíblia, sempre que lemos termos associados à escuridão, ou falta de luz, podemos associar com a falta do verdadeiro conhecimento de quem é o Senhor. 

Muitas vezes, temos muito conhecimento de assuntos diversos, ligados à nossa profissão, ciência, cultura, história, mas se não buscarmos o conhecimento sobre Deus, nosso criador. 

Influências modernas

A influência do iluminismo na sociedade atual, nos faz observar o mundo apenas do ponto de vista filosófico e naturalista. Quando não levamos em consideração o que a Palavra de Deus ensina, estaremos como Nicodemos, na escuridão. 

Sem a revelação de Deus, todo o conhecimento não nos leva à luz, pois o naturalismo só deixa os homens mais animalescos, egoístas, amantes de si, depravados, vingativos e resistentes à correção. Isso é claramente observável no mundo atual. Quando se tira Deus da sociedade, todo a base moral do ser humano é questionável e relativo. Esta é a primeira lição que aprendemos do encontro entre Nicodemos e Jesus, sem a busca pelo conhecimento de Deus, todo o resto não nos tira da escuridão. 

Precisamos quebrar nossas expectativas 

Um trecho importante ponto do encontro entre Nicodemos e Jesus acontece quando Jesus fala em nascer de novo. 

Em resposta, Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”. João 3:3 

Para um leitor atual, parece que Jesus toca neste assunto “sem mais nem menos”, no entanto, tendo um conhecimento do judaísmo, moderno e da época, podemos entender por que ele diz isso. Basicamente, os judeus acreditam em um messias que vai trazer a paz ao mundo, e virá como rei. Aquilo que cremos que acontecerá com Jesus em sua volta.  

Inclusive, uma parte dos judeus acreditam em dois messias, o filho de José (o servo sofredor) e o filho de Davi, o rei vencedor. 

Filho de Davi x Filho de José

No entanto, espera-se muito mais o filho de Davi, o rei vitorioso, que é o que os cristãos esperam de Jesus em sua segunda vinda. Neste encontro de Nicodemos e Jesus, Jesus deixa claro que eles precisavam quebrar a expectativa de que o messias viria para reinar, livrando os judeus do império romano, pois era isso que boa parte dos judeus esperavam. Havia uma expectativa pela vinda do messias, mas para libertar Israel de Roma e não para vir como um sofredor, por isso, existia (assim como nos dias atuais) muita resistência em reconhecer Jesus como este messias. Nicodemos esperava um messias libertador, por isso, Jesus disse que ele precisava nascer de novo.  

Quando aceitamos Jesus como salvador de nossas vidas, muitas vezes, queremos apenas o rei conquistador. Queremos que ele nos liberte, nos cure, nos salve, nos tire do cheque especial, nos livre das doenças e criamos uma expectativa apenas de vitória e conquista. Não aceitamos sofrer em seu nome, sofrer perseguições e todo tipo de preconceito por crer nele. O cristão, que reconhece Jesus como Senhor, precisa aceitar também sofrer por amor ao nome dele.  

Rejeitar a luz é rejeitar a ordem de Deus 

A conversa entre Nicodemos e Jesus termina com um alerta. 

Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas. João 3:20 

Este alerta é muito atual. As pessoas rejeitam a luz, justamente porque a luz mostra nossas obras. Ou seja, as pessoas rejeitam Jesus porque Jesus aponta nossos pecados. Ninguém gosta de ser confrontado e quando a Bíblia fala de correção, pecado, pensamentos maus e prática imundas, muitas pessoas preferem o discurso de quem não acreditam em Deus, pois crer em Deus requer um comportamento diferenciado. 

É mais fácil dizer que não cremos em Deus, para manter nossas obras más. Quem pratica o mal não gosta da luz por causa disso, a luz, ou seja, a Palavra, nos orienta como nos comportar e quem não concorda simplesmente mantém distância. 

A pergunta final que podemos fazer deste encontro entre Nicodemos e Jesus é: você aceita a luz, mesmo sabendo que ela vai mostrar suas obras más, ou prefere rejeitá-la? 

Para sair da escuridão precisamos, em primeiro lugar, aceitar a luz. E isso também exige uma disposição para que algumas de nossas expectativas sejam quebradas. Andar na luz não significa que nossos problemas terão um fim, mas que teremos uma nova perspectiva diante das barreiras. 

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